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Coruja-orelhuda Asio clamator (Vieillot, 1808)
Ordem: Strigiformes | Família: Strigidae | Politípica (4 subespécies)


Indivíduo adulto. Foto: Douglas Fernando

A coruja-orelhuda é uma espécie relativamente comum no Brasil, vive em habitats abertos e semiabertos, como campos naturais com árvores esparsas, cerrado, borda de matas, áreas rurais e parques urbanos. Apesar da ampla distribuição, é uma coruja discreta, facilmente subamostrada em campo. É principalmente noturna, tornando-se ativa já no pôr-do-sol, gosta de caçar roedores e outros pequenos mamíferos. Também conhecida como mocho-orelhudo e coruja-gato.


Descrição:
Coruja de médio porte, possui de 30-38 cm de comprimento, peso de 335-553 g (macho) e 390-563 g (fêmea) (Olsen & Marks 2018). Adulto possui dorso marrom-acanelado, ventre creme com densas estrias marrom-escuro. A face é branca contornada com uma fina listra negra, bem destacada, e íris escura. No alto da cabeça, sobre os olhos apresenta dois tufos de penas de coloração castanho-escuro que parecem “orelhas”. Os tarsos e os dedos são emplumados e a coloração da pele dos dedos é cinza-escuro com garras negras. O jovem sai do ninho coberto por uma penugem creme, com face mais acanelada contornada pela fina faixa escura, íris castanha, já possuindo os tufos no alto da cabeça.

Vocalização: Costuma ser silenciosa. Emite vocalizações bastante variadas, dá um “huu” grave e abafado,bem espaçado; também emite um assobio agudo, descendente, transcrito como "áut-áut-áut”, que pode repetir com regularidade durante horas, principalmente no período reprodutivo.

Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se de pequenos mamíferos, principalmente de roedores (LiomysCalomysRattus rattusRethrodon auritusHolochilus). Em menor frequência caça morcegos, lagartos, aves e insetos. Caça a partir de um poleiro, observando a presa e se atirando em seguida. Costuma pousar sobre mourões de cerca ou postes à espreita de suas presas. Aproveita a luminosidade lunar para aumentar as chances de capturar uma presa noturna, como roedores e marsupiais.

Reprodução: Nidifica em ocos de árvores, em vegetação rasteira ou no solo. No período de pré-nupcial, o macho vocaliza com bastante frequência, as vezes em dueto com a fêmea. Como parte do ritual de cortejo, o macho pode oferecer uma presa, como um roedor ou um inseto, para a fêmea. Coloca de dois a quatro ovos que são postos em intervalos de poucos dias. A fêmea permanece no ninho chocando por aproximadamente 33 dias, sendo o macho responsável pela alimentação. Nos primeiros dias de vida do filhote, somente a fêmea o alimenta, depois ambos os pais participam do cuidado da prole. O filhote torna-se apto ao voo após 37-46 dias, e com 130-140 dias são expulsos pelos pais do território. Sua reprodução está diretamente relacionada com a disponibilidade de alimento,quanto maior a oferta maior será o número de filhotes. Porém, quando há escassez de alimento, a postura tende a ser menor e/ou ocorre a morte de filhotes mais fracos.

Distribuição geográfica: Apresenta uma distribuição descontínua na região neotropical, ocorre desde o extremo sul do México até o Panamá, da Venezuela à Bolívia, além do Paraguai, Argentina, Uruguai e em quase todo o Brasil. São conhecidas quatro subespécies

  • A. c. forbesi: sul do México até Panamá;
  • A. c. clamator: Colômbia e Venezuela até as Guianas, sudeste do Peru e norte, nordeste e centro-oeste do Brasil;
  • A. c. oberi: Tobago e nordeste de Trinidade (possivelmente extinta);
  • A. c. midas: leste da Bolívia, sul e sudeste do Brasil até Argentina e Uruguai.

Habitat e comportamento: Habita áreas abertas ou semiabertas, como savanas, borda de matas, áreas rurais com árvores dispersas e áreas urbanas mais arborizadas, apresentando certo grau de tolerância a ambientes antrópicos; ausente em áreas densamente florestadas. Encontrada em áreas desde o nível do mar até 1.400 m.

Principalmente noturna, tornando-se ativa já no pôr-do-sol. Durante o dia fica camuflada nas árvores. Durante à noite, costuma sobrevoar áreas abertas a baixa altura, ou pousar sobre mourões de cerca, árvores baixas ou postes, à espreita de presas. É bastante territorial, os adultos defendem ativamente o ninho na época reprodutiva, emitindo vocalizações de alarme e executando voos rasantes sobre os invasores. Em situações de perigo, a coruja “infla” o corpo ao eriçar as penas e estala o bico na tentativa de intimidar o predador.

Movimentos: Espécie residente.


:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::



Referências:

Holt, D.W.; Berkley, R.; Deppe, C.; Enriquez-rocha, P.L.; Petersen, J.L.; Rangel-salazar, J.L.; Segars, K.P. & Wood, K.L. (1999) Species acounts of Strigidae. Em: Del Hoyo, J., A. Elliott, e J. Sargatal, (eds.) Handbook of the birds of the world. V. 5, Barn-owls to hummingbirds. Barcelona, Espanha. Lynx Edicions. 759p.

Konig, C. & Weick, F. (2008) Owls of the world. 2º Edição. New Haven, Connecticut: Yale University Press.

Kurazo M.O.A & Naiff R.H. (2009) Aspectos reprodutivos e dieta alimentar dos ninhegos de Rhinoptynx clamator (Aves: Strigidae) no campus Marco Zero da Universidade Federal do Amapá, Macapá-AP. Acta Amaz, 39(1):221-224.

Olsen, P.D. & Marks, J.S. (2018). Striped Owl (Asio clamator). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona. (retrieved from https://www.hbw.com/node/55123 on 11 February 2018).

Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira.


Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Coruja-orelhuda (Asio clamator) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/rhinoptynx_clamator.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Canto - (gravado por: Willian Menq)
By: xeno-canto.




Indivíduo adulto.
Caraguatatuba/SP, Nov. de 2015.
Foto: Willian Menq
 

Indivíduo Jovem.
Florianópolis/SC, Julho de 2012.
Foto: Matias H. Ternes
 

Indivíduo adulto.
São Paulo/SP, Maio de 2014.
Foto: Willian Menq
 

Indivíduos jovens.
Taubaté/SP, Julho de 2011,
Foto: Lucas Valério
 

Indivíduo jovem.
Contagem/MG, Junho de 2008.
Foto: Fernando Araújo
 

Indivíduo jovem.
Campo Grande/MS, Junho de 2017.
Foto: Willian Menq